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quinta-feira, 16 de outubro de 2014

Amores que não deram certo VI

Aconteceu a tanto tempo, pensei muito se devia encaixa-lo nessa categoria, mas acho que ele merece um espaço aqui, assim como teve um espaço em minha vida.

Conheci Andre, de uma forma que se eu contar ninguém acredita! Voltanto a tanto tempo atras, uns 10 anos ou mais... já namorava *Amores que não deram certo V* Na verdade a nossa história esteva muito entrelaçada a essa.

Era sábado a tarde, apenas queria dar uma lição no outro que sempre me deixava esperando na internet, resolvi fazer outras coisas naquele dia. Tédio total, a menina que me morava comigo estava a me incomodar pra eu ligar para algum amigo pra ver se alguém deles poderiam vir desentopir a caixa de gordura, pois nao tinhamos grana pra pagar o conserto.

Liga pra um, liga pra outro. Ninguem podia afinal era sabado. Desisti e o que era algo serio virou uma brincadeira de quem nao tinha o que fazer. Ligar pra qualquer numero aleatorio e desenrolar uma conversa, com os criterios de que fosse homem com voz jovem e solteiro.

Tenho certeza que foi o destino, que quando disquei aqueles numeros, caiu na casa dele. Ele atendeu, conversa vai e conversa vem, falei o por que iniciei a brincadeira, que era pq precisavamos de alguem pra vir arrumar a caixa de gordura, ele que estava com um amigo em casa, prontamente se prontificou a nos ajudar, que era so dar o endereço. (Nem pensei no perigo, quando se é jovem demais não se pensa).

Não demorou muito um carro parou em frente a nossa casa, e dele saiu um baixo moreno e um alto, de oculos e cabelo loiro meio desengonçado. Queria saber quem era a Lucí, me identifiquei e fomos obrigados a rir da situação, pq eles disseram que não sabiam arrumar e resolver o nosso problema, mas gentilmente chamaram um encanador, alem de pagarem pelo serviço. No mesmo dia, combinamos de a noite ir em um bar que era bem conhecido pelo povo de nossa idade.

A noite, eu ja havia decidido que nao iria, sentia-me culpada, eu tinha namorado, era apaixonada por ele, e nao achava certo sair com outro mesmo que nao fosse pra fazer nada, quando eles chegaram comuniquei a minha decisão, que nao iria e pelo motivo, que nao achava certo. Minha amiga foi-se com o baixinho pro bar e Andre, decidiu me fazer companhia ate eles voltarem (novamente um perigo, nao se pensa!).

Conversamos, ele pediu pizza, se interessou em saber sobre o meu namorado "ausente" sábado a noite. O inicio de uma bonita amizade. Ele fazia gastronomia, pretendia ser chef de cozinha pra trabalhar em cruzeiro (e conseguiu)... Durante esse tempo, tive que me dividir entre um namorado, e um amigo bacana. Andre entendia que toda noite, a partir da meia noite, eu pertencia ao mundo virtual, assim como os sabados e domingos.

Eu lembra da gente e da saudades desse tempo, pelo amigo que perdi. Da gente sentado no corredor da faculdade fazendo fofoca. Dele me ligar no final da tarde e me mandar correr se eu quisesse participar da degustação (ele fazia faculdade a tarde e no final da aula, tudo que eles faziam eles podiam convidar alguem pra comer). La estava eu... a especulação de que fossemos namorados era grande, mas sempre negavamos.

Foram momentos muito bons. Lembro e sinto falta das conversas, é o que faziamos de melhor, conversa na cantina, na biblioteca, na grama. Só pode ser coisa de outra vida, duas pessoas que eram completamente estranhas, terem criado tamanha afinidade. Ele, nascido em Rio Grande do Norte, com um sotaque fofo demais, educado, gentil e sempre me respeitou, eu tinha certeza que pra ele eu era uma amiga.

Mas meu inferno em vida ia começar, junto com os problemas que eu enfrentava em meu relacionamento, nao foi uma, nem duas, foram varias as vezes que ele acolhia meus choros, fazia de tudo para me alegrar, que estava ali presente. Nessa época fui alertada por minha colega de que ele estava apaixonado por mim e eu devia pensar bem no que fazer se um dia ele viesse se declarar. Me senti mal, disse a ela, que nao era verdade, que era somente meu amigo, mas ela pediu que eu observasse as atitudes dele.

Sim, eu observei. Todas as vezes que por algum motivo com o outro me desentendia ele se aproximava mais, ficava mais presente (eu achava que era pq ele queria me dar apoio, inocente eu). Ele saia da aula, ia em minha casa pra me levar pra aula, ficava por la e voltava comigo, fazia janta, dormia no sofá, assim como eu tambem por vezes dormi no apartamento dele, em outro quarto, ele ame ajudava com meus trabalhos e eu ajudava a fazer os dele. Teve uma epoca que ate financeiramente ele me acolheu, na minha santa inocencia, era somente amizade que ele sentia por mim. Mas as coisas estavam ficando mais escancarada, a cada briga com o outro... ele se aproximava mais..

Certa vez,  a mochila dele estava em cima da mesa, fui guardar uns livros para tira-la de la, e enxergo dentro um CD com meu nome "Lucí" na capa bem grande. Perguntei a ele, se o cd era meu e ele disse que nao. Nao satisfeita, perguntei pra ele pq tinha o meu nome. Ele me disse que eram musicas. Fiquei toda contentinha se era pra mim e ele disse que nao, que era dele. A inocente ainda nao tinha entendido e quis saber pq ele tinha um CD com musicas e meu nome.. e ele foi categorico, que eram musicas pra pensar em mim. Pela primeira vez ele nao se escondeu eu fiquei totalmente constrangida.

Esse episodio como outros que seguiram, refletiram na minha relação com ele e justamente na epoca que o meu namoro estava passando por uma crise. Ele ainda me acolhia, mas eu ja sabia dos sentimentos dele, ele nunca havia declarado, mas cada vez estava mais claro ele nao conseguia esconder e passou a cansar dos meus choros, da minha opção em sofrer, como ele dizia.

Terminou meu namoro. Chorei uma semana sozinha.  Lembro bem, estava deitada na cama, ja tinha me esgotado de chorar, lembrei dele, que por aqueles dias esteve ausente, que nao me ligava mais com a mesma frequencia e nem era tao presente, eu sabia que ele trabalhava, estudava, mas sabia que ja estava perdendo o amigo, e por que nao? Com certeza que se ele tivesse uma chance ia me tratar com uma princesa e jamais me faria chorar, foi assim que pensei..

E num impeto, corro para o telefone, nem reparei que era quase meia noite, mas eu precisava perguntar isso a ele. Ele atende do outro lado, com voz de quem estava dormindo, perguntei a ele se podia ir la. Ele ja nem tao paciente, meio ironico, perguntando se o outro tinha me largado e que era tarde e ele trabalhava cedo, eu disse que mesmo assim eu precisava falar com ele. Disse que ia pegar um moto taxi.em outros tempo ele ia se oferecer pra ir me buscar..ele so respondeu que ia aguardar.

Quando cheguei no predio, o porteiro disse que poderia subir que ele me aguardava, quando sai do elevador a porta do apartamento dele estava entreaberta, logo avistei ele encostado no sofá, sem camisa, sem oculos, olhando a chuva, pela primeira vez eu o vi como homem. Quando ele me viu entrar, tirando o casaco que me protegia da garoa, que se tornou uma chuva intermitente, ele me perguntou o que seria de tao importante assim, que nao podia esperar outro dia.

"Vc jamais me faria chorar...?" Ele me puxou pra si, respondeu com um beijo e ali eu nao resisti mais e deixei me conduzir pelo resto da noite. E como foi bom, sexualmente falando foi a vez que fui mais bem tratada em todos os tempos. Pelo menos aquela noite eu nao chorei. Estava tao cansada emocionalmente, que o calor da cama me embalou naquela noite fria de inverno chuvoso, nem o vi saindo pra trabalhar. Acordei algumas vezes durante o dia, levantei tomei banho, comi e voltei a dormir, estava anestesiada, nao conseguia chorar apesar da dor forte no peito.

Estava dormindo, quando ele chegou, já era noite.. acordei com o barulho na porta, ele largando as chaves na mesa, entrando no quarto, largando a mochila, ouvi ele tirando a roupa e o barulho do chuveiro ligado, fingi que dormia, ja estava arrependida. Mas eu ainda estava ali e ele ia me procurar com a mesma paixao da noite anterior, eu nao tinha como fugir...e com ele eu conseguia esquecer um pouco da vida.
 
Na manhã seguinte acordei melhor, ainda chuvia, ele saia muito cedo. O calor daquela cama, que cama gostosa, macia, cheirosa, dormiria la pra sempre. O outro que nao me saia da cabeça, do coração. Ele voltou mais cedo, eu ja estava acordada, disse a ele que estava na hora de eu voltar pra casa, precisava das minhas coisas, ele disse que ia comigo que era pra ter certeza que eu ia voltar, ele queria que eu fosse morar ali com ele, me neguei, ele ja estava a fazer planos, na semana seguinte entrariamos em ferias, ele queria ir pro RN e eu queria ir pro RS, ele queria que eu fosse na casa dele, conhecer seus pais, conhecer a sua terra. Fiquei preocupada, nao era isso o que eu queria.

E iniciou-se uma discussao. Eu ja estava sensivel demais. Ele foi injusto, disse coisas horriveis, que se eu nao queria um compromisso com ele é pq queria apenas usa-lo, que assim que o outro aparecesse eu ia correr pra ele, que eu gostava de cara assim, gostava de ser maltratada, foi muito grosseiro e eu saí chorando, chamei o elevador, ele foi atras de mim, o elevador ia demorar decidi descer as escadas, e ele me fez uma pergunta que eu o deixei sem resposta "Por que mulheres como eu não se apaixonavam por caras como ele". E eu "Vc disse que nunca me faria chorar" e pedi que nunca mais ele me procurasse.
 
Pedido feito, pedido realizado e ele nunca mais me procurou. Viagei, virei as costas pra tudo aquilo que me fazia sofrer e renasci e nunca mais o vi, nunca mais o procurei é como se ele nunca tivesse existido. Vivi minha vida.
 
Alguns anos eu tive sonhos repetidos, cenas com chuva e um apartamento especifico, era como minha mente tivesse resgatando, eu ficava pensando se eu conhecia aquele lugar do sonho, mas ao mesmo tempo eu nao lembrava. Só relembrei apos reencontra-lo, era o apartamento dele, antigo, cortidas pesadas, masculino e ate a mesa de madeira redonda da sala.
 
Reencontrei-o em outubro do ano passado, (e no fundo da bolsa) estava eu comprando algumas coisas no mercado publico e ele estava no mesmo lugar, ele pegou a Lígia no colo e me deu um cartão, perguntou se eu usava o mesmo email, eu poderia ter dito que nao, mas disse que sim. Ele me escreveu com a mesma pergunta que eu não respondi aquele dia.
 
Ele virou chef de cozinha, viajou meio mundo, trabalhou em cruzeiros e agora tem um restaurante na beira rio. Enquanto eu também segui minha vida, casei, formei familia. E depois do reencontro senti falta do amigo perdido. Encontrei o outras vezes pra conversar, mas nao sou mais a inocente e nao acredito que ele nutra essa amizade por mim, a certeza veio no convite em que ele dizia que aquele apartamento estava sem morador. Ententi, recusei e a vida continua.

2 comentários:

Asas Negras disse...

Viu. Como eu disse longe e para piorar, frio.

Asas Negras disse...

Qualquer coisa abaixo dos 25°C para mim é frio. Abaixo dos 15°C é desumano, abaixo dos 10°C nem por dinheiro, abaixo dos 5°C nem por amor...