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sexta-feira, 12 de novembro de 2021

*das coisas que não acontecem só comigo*

Uma vez uma colega chegou puta da cara no trabalho...a história em resumo..era que ela foi levar o sogro no hospital para fazer uns exames, o velho mesmo tendo uma penca de filhos, ninguém  podia leva-lo no dia, estava frio, mas não  teve diabo que fizesse o velho a por roupa, la foi ele, segundo ela de bermudinha, camiseta e chinelo de dedo, pra encurtar a história ..no hospital, as enfermeiras escandalizadas com a situação do pobre velhinho, ele “todo todo” com a atenção que recebia, pois o “pobre coitado” devia estar com frio, mas a malvada não pos nenhuma roupinha no pobre velhinho, segundo ela foi chamada atenção pela assistência social e a pior parte, era a cara do velho se fazendo de vítima e concordando com tudo!

Por que eu estou contando tudo isso? Por que eu fui uma de todas que rimos da situação dela, que no final riu junto...o que eu não esperava..era um dia passar por uma situação parecida.

....

Um dia desses vendo a recuperação da minha mãe, observo que ela já estava bem..comentei “mãe, acho que dentro de casa a senhora já pode andar sem as muletas, por que não tenta?! E ela: “Pra eu cair? Tu quer me ver cair?...

...

Não passou muitos dias depois dessa conversa. Estava eu sentada lendo bem bela e esperando ela na fisioterapia, olho e la vem minha mãe com a fisioterapeuta a tiracolo..

...A fisioterapeuta: “ Olha..sua mãe está com uma ótima recuperação, você não precisa se preocupar, ela já pode andar sem as muletas”.

Eu, mesmo estranhando a conversa e já me passando algumas coisas pela cabeça..afinal a fisioterapeuta nunca tinha vindo falar comigo...já no carro, resolvo investigar..”Mãe, por que a fisio  veio falar comigo daquele jeito?”...

“Por que eu pedi...”

“E por que a senhora pediu?..”

“Porque senão você não ia acreditar que ela já me deixou andar sem as muletas”.

Nessa altura já passava uma cena na minha cabeça e eu já sabia o desfecho e eu já estava puta da cara! “Mãe..e o que a senhora disse pra ela..?

“Eu disse que você não me deixava andar sem as muletas, que tem medo de eu cair”.

......

Mãeeeeeeeeeeee!!!!!!!!

No final acabamos dando umas boas risadas!

(...penso, que bem provável vou passar muitas vezes por esse tipo de coisa! Kkkkk).

quarta-feira, 13 de outubro de 2021

Novos capítulos

 Esse mês passei por uma troca na minha medicação para TAB, a Lamotrigina que "parecia" funcionar, estava acabando com minha memória (o que já andei comentando por aqui), mas não somente essa foi a motivação, eu estava afundando novamente em depressão e meu temperamento estava explosivo, eu surtava por pouco, fora do meu controle.

Comecei o tratamento com quetiapina. Ontem mesmo estava eu sentada, a mesa, chorando, porque tem horas que a gente se sente esgotada e eu pensando que "essas merdas de remédio não faziam diferença", "que eu ia parar o tratamento e ligar o botão do foda-se!". Tudo foi um desabafo comigo mesma. Engoli o choro e vida que segue.

Hoje cedo...eu sempre estaciono o carro no mesmo lugar, não importa se chuva ou sol, faz parte do meu ritual. Estaciono em frente a uma casa, que fica do lado da escola, mas faço isso dentro das regras.

Quando saio do carro, outras duas mulheres iam entrando dentro do carro dessa casa para sair .."essas galegas que botam o carro na frente da casa das outros ja cedo, nao tem outro lado pra por?!". Eu até dei uma olhada, enquanto acionava o alarme..para a saída da garagem, pra ver se não estava obstruindo. 

Lígia, ja acostumada ao meu gênio, ja arregalou o olho e olhou pra mim e algo dentro de mim deu um estalo "a rua é pública!"...pensei com meus botões do jaleco.Sai andando. Lígia atrás "mãe e voce não ouviu o que elas falaram?"...

Como explicar a uma criança que a quetiapina corre na minha corrente sanguínea e controla o start da explosão?! Apenas disse a ela que não valia a pena discutir por algo que eu estava certa. Em minha cabeça veio a imagem do doutor falando desse controle, em como seria no meu organismo.

E o fato de eu não ter entrado em uma discussão, que mesmo certa, sim...eu iria discutir ou no minimo dar uma respostinha, fez meu dia mais normal. Eu sinto esse alivio, alivio a essa pressão que vem de dentro, desse peso que me deixa arredia e histérica.

....novos capítulos..

segunda-feira, 16 de agosto de 2021

Normal demais

Hoje Raul me fez companhia e nem é dia "do rock baby". Não sei por que da vontade, mas as músicas dele fazem total sentido nessa vida sem sentido.

Identificação total, preferir ser "essa metamorfose". Ha muito desisti de ser compreendida, hoje eu cago e ando, uma linguagem bem chula que diz muito sobre mim e para quem não me conhece afirma que não combina comigo, será? Faz parte das mil facetas que apresento e suspreendo.

A vida está "normal". Isso me incomoda, outra das minhas facetas, buscar a paz e a normalidade e quando as tem, sentir se incomodada. Sou movida a buscas, sonhos e ilusões. Uma triste realidade, preciso disso para prosseguir e reclamar internamente.

Hoje foi um dia de questionamentos e dizer que "acho tudo isso um saco". Tudo certo, tudo muito perfeito, o ideal para muitos, não para uma mente pertubada que precisa de problemas para resolver.


quinta-feira, 1 de abril de 2021

Procura-se por aí...

...pode ser que o encontre em alguma fila..

Parei o carro, um carro parou atrás. Desci, ele desceu em seguida. Andei em direção a fila e ele vinha logo atrás, ele parou... eu voltei e perguntei se ali era o final da fila, ele afirmou que sim. Ele ofereceu o lugar a sua frente que por direito seria meu, agradeci.. mas permaneci atrás dele.

Logo aparece minha mãe, disse que ela poderia esperar no carro, por que seriam umas três horas ainda de espera na fila, que eu ligaria quando ela pudesse ir e lá se foi ela com seu andar lento.

Ele fala comigo com sua revolta por fazerem isso com os idosos, pela primeira vez olhei para aqueles olhos verdes perfeitos, sorri por dentro, por que olhos assim são irresistíveis de se olhar? 

Rodeados pela terceira idade estávamos.  Resolvi sentar no chão, quando se trabalha com crianças acabamos adquirindo o habito de sentar em qualquer lugar, ele me acompanha, senta ao meu lado. Os senhores a volta caem na risada, "por que se eles sentassem assim, nunca mais levantariam.. e que devíamos agradecer a juventude", depois nos esqueceram e nós esquecemos os outros.

Era como se não houvesse mais ninguém ali, era só nos, sentados no chão. A conversa girou entre leituras, series, pandemia e coisas aleatórias. Não sentimos o passar do tempo, das quase três horas que ali ficamos. Até que.. a fila começou a andar, ele levanta e me oferece a mão pra me ajudar. Foi quando me senti pequena, sentados no chão era tudo meio igual, ali ..nós de pé. a nossa diferença de tamanho era nítida e a diferença certamente nos tornou atraentes um ao olhar do outro.

Ele liga para o pai, como se pudesse imaginar que eu queria ver o sorriso dele, ele abaixa a mascara e pude ver o rosto por completo, a perfeição. Ligo para minha mãe e já não ficamos mais sozinhos, recebemos senhas e cada um foi para um canto, aguardar a sua vez para que nossos pais recebessem a primeira dose da tão esperada vacina.

De longe, pude observar ele me olhando. Eu olhava por que ele era meu ponto de referencia, assim que ele fosse chamado, nos seriamos em seguida. Assim foi, enquanto ele filmava o pai dele sendo vacinado, ele escolheu um lado que certamente ia me registrar e tenho quase certeza que ele saiu com uma foto minha, logo foi a vez da minha mãe, saímos ao mesmo tempo... agora ele na minha frente com seu pai e eu logo atrás, chegamos aos carros... e uma ultima olhada e um tchau nos separou.

Não foi perguntado nomes, nada pessoal, não sei quem é, onde mora.. sei que é um homem bem alto, por volta dos 36 anos, bem queimado do sol, com uns olhos verdes que sorriem, cabelos pretos, inteligente, fala corretamente, educado, bom gosto, simpático, extrovertido, cheira muito bem, de voz agradável, com mãos bem grandes e que certamente sabe flertar com o perigo.

Tentei ser coerente, não ter atitudes confusas, tive medo de um interpretação errada, era bem isso, ambos estávamos com medo, ambos queríamos e ao mesmo tempo não queríamos levar para o pessoal, mas penso que essas coisas que o destino prega a gente tem que deixar o mesmo agir...

....e se for para rever o tal misterioso.. irei reencontra-lo em qualquer esquina. Ou na certeza da próxima dose de nossos pais, certamente nossos olhos vão procurar um pelo outro ..ou não! Quem sabe era só isso, uma boa conversa.. para uma boa lembrança...

Não lembro em outro momento da minha vida, ter tamanha afinidade com uma pessoa desconhecida ainda mais uma pessoa que não viu problema algum em sentar no chão com uma estranha.

terça-feira, 30 de março de 2021

Aprendi...

Uma frase que minha mãe sempre usou e usa muito "A vida ensina".

Peguei-me repetindo a mesma frase com a mesma propriedade e tonalidade "A vida vai te ensinar!".

O olhar da experiência que sabe que esse "mundão lá fora" não é fácil. Uma frase que exprime todo o cansaço do "tentar" e que sai mais como forma de desabafo, por que a gente é incansável e logo esta lá, tentando ensinar tudo que pode para diminuir aquelas dores que a gente sabe que a "vida vai ensinar e vai ensinar da pior forma possível". Vai doer e a gente não vai estar lá pra proteger!

Esses ensinamentos que a gente só aprende com a maturidade e muitas vezes nem com a própria vida, pois a gente continua cometendo os mesmos erros, pelo menos eu continuo. Assim me vejo sempre flertando com o erro e os erros se repetem em uma espiral sem fim.

Fiquei pensando naquilo que aprendi na estrada, longe de casa, longe da proteção. De não ter ninguém por mim, aprendi a ser altamente independente, de não saber esperar, de correr atrás e de ser autossuficiente. Aprendi a engolir o choro, a não mostrar as minhas fraquezas e não me apegar ou ao menos fingir que não me apeguei. Aprendi a entrar e sair de guerras com uma classe e requinte e uma boa dose de crueldade.

Aprendi a ter defeitos, ser menos ingênua, irônica, acida e ainda cultivo alguma essência de mim mesma lá no fundo.

Aprendi a viver com pouco. A apreciar as coisas simples que o dinheiro não compra. Aprendi a cozinhar, a ser organizada. Aprendi que menos é sempre mais. Menos amigos e amizades de qualidade. Aprendi que o trabalho que a gente ama nem sempre é a faculdade dos sonhos.

Aprendi a cair e me levantar quantas vezes é necessário. Aprendi que a saúde e a sanidade mental é o mais importante e com isso o resto fica fácil. 

Aprendi tantas coisas, mas o mais importante que ficou e não aprendi com a vida, mas com a base que tive em casa, foram os princípios, valores... talvez era disso que minha mãe falava tanto e se for, bom.. acho que ela não gastou o latim atoa..

... e espero não estar gastando o meu também.

Boa sorte meu anjo, não te desejo mal...te desejo o melhor e que tua vida seja bem mais fácil do que foi a minha e que eu sempre estarei aqui pra quando você errar a gente chorar juntas e quanto acertar, a gente comemorar juntas, para você nunca se sentir sozinha!!

terça-feira, 16 de março de 2021

Além da sala de espera...

Beatriz era o nome dela. Se fechar os olhos, consigo lembrar da voz, a forma como ela olhava, sentava e as roupas que costumava usar. O lugar também não escapa a minha lembrança, as cortinas, a estampa do sofá, a mesinha de descanso. A sala de espera, com o quadro de uma bailarina que tantas vezes tentei reproduzir em meus desenhos.

Ela foi minha primeira psicóloga e com ela passei as tardes de terças e quintas, durante alguns anos.

Ontem afirmei que não gostava dela, mas pensando melhor, como criança eu não tinha essa percepção de gostar ou não dela e nem de ninguém. Na verdade eu até simpatizava com ela que me parecia com a Vera Fisher, achava ela linda, muito calma, segura, silenciosa. Não lembro se ela sorria ou se a memoria me engana. 

Tirando o fato de eu não gostar de ir até o consultório , era um tempo que eu deixava de brincar e mais tarde, era uma tarde a menos com meus amigos. Além do horário, que era sempre as 15 horas, bem no meio da tarde, não podia fazer nada antes e depois já era muito tarde.

Eu gostava de estar lá, gostava (ainda amo) os vínculos de amizade e intimidade que nasceram naquele consultório. Iniciei com ela com terapia individual, ela me observava desenhar, depois brincar e por ultimo me juntou a um grupo de crianças. Nos éramos diferentes entre si, pouca variedade de idade, escolas e bairros diferentes e motivações diferentes em estar ali.

Brincávamos, desenhávamos, brigávamos e consolidávamos amizades.

Com a idade, a terapia continuou em grupo, porem a gente não sentava mais para brincar, nos disputávamos que sentaria no único sofá que havia na frente dela, os demais se conformavam com as cadeiras nos próximos 45 min, nossa regra era sempre quem chegava mais cedo para a consulta e passamos cada vez a chegar mais cedo.

A sala de espera estava pequena pra nos, queríamos mais.. a escada do prédio, olhar a cidade pela grande janela de vidro era nosso ponto de encontro e com ela nos chamando pela porta que já estava na hora..

Guardo recordações boas desse tempo, não só dos vínculos formados, mas dela também.. que me fez entender que todos nos temos nossa individualidade e que eu não podia me sentir diminuída ou envergonhada com meu problema e que cada um que estava ali também buscavam a sua recuperação.

Incentivar a minha fala, sempre foi o seu objetivo, ela me questionava, hoje vejo como tentativas em me tirar da zona de conforto. Entender o por que aquela criança reprimia os pensamentos, ao certo ela conseguiu, pois o "problema" ..aquele lá, foi resolvido.

E chegou um tempo que as sessões já não eram mais em grupo, ficamos apenas dois e nosso bem querer ia além daquela sala. Foi quando desistimos, por que estar com ela, não fazia mais sentido sem um estar com o outro.

A gente cresceu...


segunda-feira, 15 de março de 2021

Dança de cigana...



".. eu fui sincero como não se pode ser
um erro assim tão vulgar..
que nos persegue a noite inteira"

Olhando para traz vejo a quanto tempo não passo aqui, as palavras me faltaram e quando está em falta com a sensibilidade com a escrita, o melhor é o silencio, pois as palavras tendem a  criam vida própria e acabam a dizer muito sobre si, mais do que gostaríamos de revelar

Não me manifestei sobre a pandemia antes por que a minha estava igual a maioria das pessoas sensatas da sociedade: trabalho remoto, isolamento social, mascara e álcool em gel. Substantivos e verbos  que resumem esse momento em que vivemos.

Infelizmente, retorno do trabalho. Digo, infelizmente, não por que eu seja uma malandra, como a categoria ouve muito por ai, amo meu trabalho. Digo infelizmente, por que a volta as aulas é um atentado contra a vida dos profissionais da educação, pois sabemos que não existe protocolo seguro na educação infantil.

E assim foi..

Dois dias com uma dor de cabeça de dar enjoo, sem conseguir comer, um dia de irritação na garganta e vários e vários dias de tosse seca e a espera do tempo correto para realizar o exame.

Os olhos do enfermeiro ao se cruzarem com os meus e o meu chão se abrindo diante dos meu olhos, ainda me restava alguma esperança de ser uma gripe como tantas outras que eu tive, sim era uma gripe, porem bem mais letal e ainda sem saber como o meu corpo iria reagir.

Passo pela triagem, o susto, minha pressão nas alturas. Nunca tive problema de pressão e para a minha falsa sensação de sorte, nenhuma outra comorbidade. Dentro de todas essas possibilidades, sou saudável, mas eu senti medo. Sinto medo ainda, quando minha cabeça ainda dói e sinto enjoos.

Medo de me faltar ar. Como perguntei ao medico: "como vou saber se me esta faltando ar? Nunca senti isso antes!!". Por que segundo ele, esse seria o único sintoma que me deveria fazer voltar, no mais repouso, hidratação e isolamento.

Ahh a solidão do isolamento. Já ouvi a indelicadeza de que deveria aproveitar o momento pra fazer algo produtivo e quem pensa em fazer algo produtivo cheia de medos e insegurança? Tentativas frustradas de leitura, de ver series e filmes e o vasto mundo de possibilidades da internet, nada disso  me atraí mais.

A solidão do isolamento esta doendo, sigo dormindo, comendo e vegetando. Possibilidades de reflexões e encerramentos de ciclos. Possibilidade de repensar na vida e em como agir daqui pra frente, por que acredito que o pior já passou...e dançando com a vida e com seus acordes solitários da pandemia eu vou. sobrevivo.