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quinta-feira, 17 de agosto de 2023

Covinhas

Não faz muito tempo que acordei, ja estou dormindo melhor, dizem que não existe isso de acumular sono, mas ando mais sonolenta nos últimos dias.

Foi só um sonho, mas foi tão real.

"Ele arrumava a mochila sob a mesa da sala, conversava e soŕria para mim, e saiu pela porta"

Bom, não consigo lembrar sobre o que conversávamos, mas era algo leve reconfortante, ele parecia a me aconselhar. O mesmo sorriso, as mesmas covinhas e o mesmo "tchau" com respeito que o lugar merecia.

Conheci E. , meados do ano passado, que passou a trabalhar junto comigo duas vezes por semana. Prof. E.F. Eu ja andava irritada demais, por que fiquei trabalhando sozinha por algum tempo, e não conseguiam ninguém para preencher a vaga, até que ele assumiu.

Antes mesmo de sermos apresentados, ja me disseram "ele é caladão, não tem filhos e não mora na cidade'. Ja pensando o pior, isso significa grandes chances de ser um faltante no nosso meio.

Quando fomos apresentados,  na primeira oportunidade que ficamos sozinhos ele me fala: "Lu, eu não queria estar aqui, eu gosto de escola, mas eu não tive outra escolha, preciso trabalhar e pode ter certeza que farei o meu melhor".

Assim nasceu nossa "amizaďe". Ele foi honesto, estava apavorado, não sabia o que fazer, mas tinha vontade de aprender e realmente fez o seu melhor, por que ele era profissional. 

O caladão, não era caladão. Era observador, apenas isso, ouvia, pensava antes de falar. E varias vezes ouvi "Mas ele conversa contigo??".

Elas não souberam e nunca vão saber, o que passamos naquela sala durante aquelas manhãs e muito menos o que compartilhamos fora daquelas paredes, e acho que sei o porque do sonho, andei pensando muito nele nos últimos dias, desde que fraturei o braço.

E o que me atraiu a lembrança? Ele é canhoto.

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