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sábado, 13 de abril de 2024

Outras dores...

Ontem ela chegou com os olhos marejados e me disse "hoje seria aniversário do meu filho" e nem conseguindo terminar a frase e eu que nunca soube o que dizer ou fazer nessas horas, somente me restou oferecer um abraço, um abraço de conforto de quem não tem ideia da dor que ela devia estar sentindo, mas pode imaginar, por que lembro a dor que eu senti em quase perde-la

Quem nunca deixou de lado seus próprios problemas e dores pra acolher as dores de quem a gente julga estar precisando mais da gente naquele momento? Mais do que a gente mesmo, eu deixei minha dor de lado para abraça-la, ela não sabe mas naquele abraço eu fui acolhida também.

Depois ela se recompôs, seguimos os caminhos de conversas aleatórias. Eu aprendi a gostar dela e sei que ela já confia em mim e no meu trabalho, não foi fácil no começo, mas eu estava de coração aberto e hoje eu entendo e agora compreendi todos os sorrisos dessa semana. 

Não era alegria, era desespero. Era uma alma que não queria lembrar mas não conseguia esquecer. Por isso entrei essa semana na sala e ela ouvia um pagode em alto volume, totalmente inadequado para o lugar e horário. Tudo compreensível olhando pra essa semana. Já percebi que o "barulho" externo é uma tática que ela usa pra acalmar o barulho interno, ela não gosta de ficar em silêncio consigo mesma. Somos tão diferentes.

O que ela não sabe é que eu tbm havia olhado no calendário,  e que a data não lembrava o aniversário de ninguém, mas sim que eu também havia perdido alguém nesse dia, mas isso ninguém irá saber, pois eu sempre vou deixar minha dor de lado e vou acolher outras, é minha forma de esquecer.

Hoje fazem 17 anos que ele se foi. Não tem mais dor, ficou só a saudade do que não foi vivido.

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