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segunda-feira, 15 de março de 2021

Dança de cigana...



".. eu fui sincero como não se pode ser
um erro assim tão vulgar..
que nos persegue a noite inteira"

Olhando para traz vejo a quanto tempo não passo aqui, as palavras me faltaram e quando está em falta com a sensibilidade com a escrita, o melhor é o silencio, pois as palavras tendem a  criam vida própria e acabam a dizer muito sobre si, mais do que gostaríamos de revelar

Não me manifestei sobre a pandemia antes por que a minha estava igual a maioria das pessoas sensatas da sociedade: trabalho remoto, isolamento social, mascara e álcool em gel. Substantivos e verbos  que resumem esse momento em que vivemos.

Infelizmente, retorno do trabalho. Digo, infelizmente, não por que eu seja uma malandra, como a categoria ouve muito por ai, amo meu trabalho. Digo infelizmente, por que a volta as aulas é um atentado contra a vida dos profissionais da educação, pois sabemos que não existe protocolo seguro na educação infantil.

E assim foi..

Dois dias com uma dor de cabeça de dar enjoo, sem conseguir comer, um dia de irritação na garganta e vários e vários dias de tosse seca e a espera do tempo correto para realizar o exame.

Os olhos do enfermeiro ao se cruzarem com os meus e o meu chão se abrindo diante dos meu olhos, ainda me restava alguma esperança de ser uma gripe como tantas outras que eu tive, sim era uma gripe, porem bem mais letal e ainda sem saber como o meu corpo iria reagir.

Passo pela triagem, o susto, minha pressão nas alturas. Nunca tive problema de pressão e para a minha falsa sensação de sorte, nenhuma outra comorbidade. Dentro de todas essas possibilidades, sou saudável, mas eu senti medo. Sinto medo ainda, quando minha cabeça ainda dói e sinto enjoos.

Medo de me faltar ar. Como perguntei ao medico: "como vou saber se me esta faltando ar? Nunca senti isso antes!!". Por que segundo ele, esse seria o único sintoma que me deveria fazer voltar, no mais repouso, hidratação e isolamento.

Ahh a solidão do isolamento. Já ouvi a indelicadeza de que deveria aproveitar o momento pra fazer algo produtivo e quem pensa em fazer algo produtivo cheia de medos e insegurança? Tentativas frustradas de leitura, de ver series e filmes e o vasto mundo de possibilidades da internet, nada disso  me atraí mais.

A solidão do isolamento esta doendo, sigo dormindo, comendo e vegetando. Possibilidades de reflexões e encerramentos de ciclos. Possibilidade de repensar na vida e em como agir daqui pra frente, por que acredito que o pior já passou...e dançando com a vida e com seus acordes solitários da pandemia eu vou. sobrevivo.

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