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segunda-feira, 10 de novembro de 2014

Em terra de...

Ando a lembrar pouco do meu pai, suas lembranças já foram bem mais marcantes, culpa dessa vida corrida. Diante dessas discussões sobre o que eu gosto ou deixo de gostar, a lembrança dele se fez presente...
 
Como a minha origem é gaúcha, pra quem não é de lá, não tem noção de que as pessoas por lá, vão de um extremo ao outro, ou você ama alguma coisa, ou você odeia essa mesma coisa. Não existe meio termo, seja para comida, música, partidos politicos e principalmente em se tratando de futebol.
 
Fui uma menininha que nasceu em meio a uma família colorada (assim conhecido o time do Internacional), fanáticos! Desde muito pequena tenho lembrança das camisas vermelhas, dos chapeuzinhos e das bandeiras que ganhei e não tenho como esquecer aquele quadro horroroso que ostentava algum titulo colorado bem no meio da sala.
 
Lembro dos meus tios se acabando de rir quando me perguntava se eu gostava mais do Inter ou do Colorado e eu dizia.."do colorado". Pequena demais pra entender, pequena demais pra expressar a minha opinião.
 
Não me recordo quando o meu coração começou a bater pelo opositor. Foi uma paixão de infancia, pelo azul da cor do céu, de inicio lembro que ninguem me levava a sério, achavam que era brincadeira, na adolescencia um fanatismo com direito a poster na porta do quarto.
 
Então lembro do meu pai, que acordava todos os dias, olhava para aquele poster, sacudia a cabeça em sinal de desaprovação e  me pediu com o maior jeitinho para eu mentir para o resto da familia (tios, primos), como se ter uma filha do time rival fosse motivo de vergonha.
 
Assim eu o fiz, era um desejo dele, para nao mentir, tirei o poster do quarto e nao discutia futebol com ninguem da familia, pra evitar que me perguntasse algo e todo mundo ja sabia de minha posição. O que todos no começo achavam que a minha escolha era so pra ser "do contra" ou uma afronta, com as minhas atitudes mostrei que nao, era que eu apenas tinha o direito de escolher e eu tive o direito de escolher, sem brigas acaloradas.
 
O tempo passou e "até a pé nos iremos..." não deixei meu time do coração, jamais o abandonei, mas nao ligo se ganhou, se perdeu, foi mais uma daquelas escolhas importantes que se faz na vida pra se autoafirmar e que a minha despontou muito cedo.
 
Pra ser gremista em familia de colorado, tem que se ter muita personalidade.

Um comentário:

Asas Negras disse...

O tempo levara até as colunas de mármore, quem dirá os corações de cera. Quanto ao meu blogger. Tem mais de 300 posts para você se divertir até o fim do mês. De certo modo é o fechamento de um ciclo que será marcado pelo fechamento do site. Se cuide.