Disparado L. foi a criança/pré- adolescente que conheci na vida mais maluco. A gente se cruzou pela primeira vez naquela sala de espera de um consultório de uma psicologa. Ele estranhamente abrindo um chiclete, e ali descrevendo os passos em voz alta até ele colocar o chicletes na boca. Um carinha alto, magrelo, com um óculos preto maior que ele e com um pinta engraçadinha na bochecha.
Ficamos amigos, muito amigos, na verdade as circunstancias nos obrigou, tinhamos que nos aturar por 1 hora e meia duas vezes por semana, faziamos terapia em grupo, no inicio um grupo de 5 e por quase 3 anos só nos dois (deviamos ser os casos mais graves), nossos pais trabalhavam junto, nao eram amigos, o pai dele era superior do meu, mas meu pai adorava ele, o que rendia sempre muita conversa quando ele ia me buscar.
Passamos a chegar bem mais cedo do que a hora marcada, e esperavamos a hora do atentimento, sentados na escadaria do predio, nem lembro do que conversamos, era só pra dar risada, por que ele mentia demais, lembro da vez que ele chegou contando que a vó dele tinha ganhado na TeleSena.
Eram outros tempos, sem celular, internet, escolas diferentes, a gente nao se via a hora que queria, moravamos em lados opostos da cidade, a gente só se via naquelas tardes. Nasceu meu primeiro amor. Bem diferente da geração atual.
Eu tinha 11 anos, ele 12. Quando o tempo estava bom, ele ia me encontrar no caminho pra gente ir junto, era bem longe, as vezes ele me esperava na frente do serviço dos nossos pais, ja que ficava no caminho, e eu mal sabia que ele ja tinha contado pra todo mundo la dentro que era meu namorado, e como duvidavam dele pelas mentiras, um dia ele inventou de pegar na minha mao, na frente de todo mundo. Eu fiquei morta de vergonha. Brigamos, ficamos uns dias sem nos falar, ate que contei pra psicologa o ocorrido.
Acho que foi nesse dia que chegamos a conclusao que um gostava mais do outro alem de ser amigos, deu para entender na epoca que ela falou, que nos tinhamos que repensar nossa amizade, por que nos estavamos crescendo e era normal por causa da intimidade que a gente tinha, ter sentimentos confusos e bla bla e que nao precisavamos ter vergonha por causa disso. Ele prometeu que nao faria mais.
E ficamos nessa lenga, lenga, normal pra 1900 e bolinhas, as coisas serem devagar assim. Eu ja sabia que gostava dele, e sabia que ele gostava de mim, entao eu permitia que ele pegasse na minha mao na frente dos outros ou colocasse ou passasse o braço pelo meu ombro. Quando já tinha 12 anos, a gente sentados naquela mesma escada, esperando a nossa hora, ele disse que queria me pedir um beijo. Foi nosso primeiro beijo, um selinho, envergonhado, cheio de medo de alguem ver.
Ja era final de ano, nossas familias viajam naquela epoca, nossos pais tiravam ferias em fevereiro. Naquele ano, meu pai tirou em janeiro, depois das festas de fim de ano viajamos, e a gente ficou sem se falar. Quando voltei em fevereiro, a psicologa me falou que ele tinha ficado muito chateado, por ter ido janeiro todo sozinho e que decidiu que nao ia ir mais, por birra e por ciume. Eu fiquei arrasada, ja estava com 13 anos entao e fiz uma guerra dentro de casa, tbm nao ia ir mais, sem ele nao teria graça.
Nao esquecia dele, mas estudar em escolas diferentes, horarios diferentes, morar longe, sem amigos em comum, tudo dificultava, era outros tempos. Nossas familias se encontraram em um rodeio, naquele final de ano, nos olhamos, nao conversamos.
Quando eu ja tinha 14 anos, na nossa cidade inventaram um festivais, seria tipo 'matine", eram aos sabados das 8 até as 11 da noite. Nos reencontramos na unica vez que minha mae deixou eu ir. Ficamos envergonhados, não conversamos, se olhamos e nada.
Nos reencontramos no carnaval dos meus 16 anos, ela ja devia estar fazendo 17. Minhas amigas e eu, sempre pulavamos carnaval no mesmo clube que a entrada era gratuita para os socios, mas tinham outros clubes e todos ficam proximos uns dos outros, geralmente a gente sentava em algum muro pra ver quem passava, o bom do carnaval sempre era o lado de fora. Pois é, ele me reencontrou sentada em muro no primeiro dia de carnaval, e nao desgrudou mais. Largou os amigos, pagou entrada no meu clube, pq o dele era do outro. Nao investiou na primeira noite, mas também não deixou ninguem ficar perto.
Nessa epoca, ficar ja estava em moda. E como ele nao ia deixar ninguem chegar perto nas outras noites e eu ja estava perdida mesmo, ficamos nas 3 noites seguintes. E o romance acabou junto com o carnaval.
Voltamos a nos ver, no verão de quando eu ja tinha 19, em outro rodeio, e ele me viu e grudou igual carrapato, pelo jeito ele tinha essa mania. Ele me viu, largou amigo, largou tudo pra andar junto comigo, eu ja nao morava mais la, so estava de ferias e de ma vontade ainda. Mas insistencia vai, insistencia vem e novamente ficamos juntos. Como a epoca era outra, trocamos telefone, email e nunca mais perdemos contato.
Comecei a namorar outra pessoa. E no meio das brigas ele surge. Acabei por saber por outras pessoas que ele perdeu o pai de forma tragica, por uns tempos nos afastamos e depois de outro tempo entre um briga e outra ele veeio passar um final de semana por essa terrinha e ai a brincadeira de criança foi um pouco mais seria, mas o romance acabou junto com o domingo que ele foi embora. E assim foi e de forma alguma posso dizer que assim será.
L. era um menino nerd, virou um baladeiro, que gosta de festa, de mulher e de vida agitada.Que quando criança foi capaz de colocar fogo na propria casa, que amava historia em quadrinho. Muito diferente de mim, que sempre preferi relacionamentos longos e serios. Segundo ele, comigo ele casava e largava essa vida. Olha a minha cara de quem caiu nessa..rsrs. Mesmo assim eu tenho um carinho enorme por esse nerd, que usa oculos maior que o rosto e nao fala nada que preste e que parece que ainda tem 13 anos.
Sempre digo que tenho dificuldade em criar laços, mas eu tenho laços com algumas pessoas que nem o tempo e a distancia conseguem desfazer. Sabe.. acho que tem muito cara aí que se faz de bom moço e no fundo é um galinha, já você eu sempre tive a certeza de que é um bom moço tentando se disfarçar de predador, mas não convence ninguém e nem a si mesmo e vai continuar a busca da pessoa ideal que faça te ver isso.
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