Mais um dia, pensei eu antes de sair de casa. Ela a postos,
ele nem tanto, mas a gente precisava ir. Tem coisas que não se pode protelar.
Mercado Público cheio. Pessoas daqui, dali. Conversa. Briga
de cheiros. Ele corre pra ver vinho, queijo, salame. Eu com ela a tira colo, procurando comprar tudo o mais
rápido possível pra sair daquele inferno. Faço o pedido, enquanto espero vou
dando uma olhada por ali, por aqui. Pedido pronto para ser entregue, quando vou
pegar.. uma voz ao lado apressado faz um pedido ao mesmo atendente que agradeço.
Queria fugir, passou tanta coisa pela minha cabeça. Olhos se
encontram, meio sem graça. Não teve aquele “Ohh você por aqui! Quanto tempo?”.
Não havia espaço para isso. Ele pergunta docemente.. “-Tua filha?”. Um SIM meio
muito sem graça, seguido de Meu marido está ali comprando queijo, ficou com
dica para desistência de qualquer tipo de possível pensamento de gracinha ou
algum comentário sobre o passado, apesar de lembrar que esse tipo de
indelicadeza não fazia o tipo dele...mas...
Um sorriso, gracejos pra ela em meu colo, pede para
segura-la. Permito. Em mim apenas a insegurança da chegada de um marido
ciumento a qualquer momento. Sorrisos.. e um cartão que guardei no fundo da
bolsa.
Um marido que chega. Descubro que aos olhos dele, deixo de
ser mulher e passo a ser mãe. Nenhum sinal de ciúmes, afinal na cabeça dele uma
mulher com uma filha no colo não apetece a ninguém. Cumprimenta o sujeito,
parecia um pavão cheio de orgulho ao ouvir que tem uma linda e esperta filha.
Um adeus... e naquele momento a exumação de um passado.
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