Mais uma vez a televisão desengatilhou um turbilhão de sentimentos, é tenho visto bastante tv, é uma forma de alienação, mesmo que por momentos eu não consiga parar de pensar.
Vendo a nova novela da globo "Avenida Brasil", tenho acompanhado o drama da menina Rita, que na perda da mãe, o pai arruma uma madrasta, que apenas queria dar o golpe e com a perda de seu pai, ela é largada no lixão pelo comparsa da amante e Rita vive lá por uns tempos até a ser adotada por um casal de argentinos, ganha um novo nome, uma nova vida, mas a ferida nunca cicatrizou e com a morte do pai adotivo ela volta para o Brasil em busca de vigança, contra a mulher que ela acredita ser a causadora de todo o sofrimento, e realmente é.
Sim, eu alimentei essa sede de vingança por muitos anos, desde a separação dos meus pais, até a morte dele, e só não coloquei em prática, primeiro por que não queria prejudicar inocentes, meu foco era ela, depois circusntâncias não me permitiram e depois ele partiu, e tudo perdeu o sentido, por que nada o que eu fizesse eu jamais conseguiria trazer ele de volta, mas a dor continua e a ferida não cicatriza, eu nunca mais consegui colocar os pés naquela cidade.
Antes de dormir eu imaginava como colocaria fogo naquela casa, eu detalhava todos os momentos, tinha amigos tao incosequentes que estavam dispostos a fazer isso por mim e o que me impedia era o medo de algo dar errado e meu pai estar la dentro, mas eu planejei isso durante anos, mas optei por sair da cidade.
Não gosto de fazer o papel de vitima, conheço gente que mesmo enfrentando situações adversas consegue perdoar e conviver, eu não. Conheço filhos adotivos, alguns e a maioria carregou essa ferida aberta, que só quem tem intimidade conhece.
Lembrei do meu primeiro amor, namoradinho. O "E" era adotado, ninguém dizia, acho que a convivência deixou o muito parecido com a mãe adotiva, a familia verdadeira era muito pobre e ele acabou sendo doado para esse outra familia que o educou, ele morava em uma casa linda, tinha de tudo. Era um segredo.
Um irmao mais velho tinha uma lanchonete que tinha um pátio aberto e que durante o dia permanecia fechado, brincavamos nos balanços, qdo o irmao dele contou, por maldade uma das meninas que estavam comigo espalhou e uma coisa que era da familia dele e sua intimidade virou motivo de risos para o mais ignorantes.
Depois de um tempo, ele me contou, chorou, deviamos ter uns 12 anos, e nunca mais tocamos no assunto, eu sabia que doia nele e ele sabia que eu sabia, apenas eu respeitava os sentimentos dele. Como tbm ele nao teve a maldade de me contar sobre o que falavam que o meu pai fazia, ele sabia, realmente eu desejei que ele me contasse, mas ele sabia que ia dor e corria o risco de eu nao acreditar, de fato, eu nao acreditaria em ninguem naquela epoca.
Ele perdeu o pai adotivo e pra ajudar a mae largou os estudos e começou a trabalhar, com 18 anos, passou a viajar de caminhão. A ultima vez que o vi foi em um feriado de pascoa, trocamos meia duzia de palavras, ele disse que a menina cresceu "baba baby", rimos, mas não tinhamos tempo, ele ja estava saindo com o caminhão. Cada um fez suas escolhas, ele escolheu a solidão da estrada dentro de um caminhão e eu? fugi e me escondi.
O que eu mais sinto falta desse irmao de coração? O respeito, a delicadez e a sutileza. A cumplicidade de saber o que machuca o outro, não tocar na ferida, esperar o momento certo, as vezes a gente tem tanta imprudencia e pressa que mete os pés pelas mãos e acaba machucando, e quando a gente precisa saber de algo, a gente vai saber...
E é por uma dessas e outras que eu digo que eu sou incapaz de destruir uma familia, eu ja estive do outro lado e sei que as feridas sao para sempre, nao importa como ela é feita.
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