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quinta-feira, 2 de setembro de 2010

Desigualdade

Estou trabalhando em uma escola particular, um lado da minha sala da acesso ao refeitório e o outro ao parque. Estava eu ontem a tarde distraida observando as crianças brincarem no parque.

Elas corriam, riam, caiam, choravam. Ouvi um barulho mais ao longe que se diferenciava daqueles risinhos.

Eram os "catadores de papelão" como se costuma dizer por aqui. Duas mulheres com uma carroça carregada, procurando coisas no lixo da escola. Observo mais e me deparo com uma cena que me angustiou:

Com elas, haviam dois meninos, que enquanto elas procuravam utilidade no nosso lixo, estavam agarrados as grades da escola, com os olhinhos brilhando, tristes, olhando as nossas crianças brincarem e logo seguiram acredito que suas mães, para outro lixo.

Eles são crianças iguais, mas diferentes daquela realidade. Não ficão na escola o dia todo brincando e aprendendo, não tem aquele parque cheio de brinquedos legais e nem roupas boas.

A cena me comoveu, me irritou. Por que? Porque eu estava do lado de cá da realidade, onde tudo é mais fácil e a vontade de continuar a seguir meu caminho e ir trabalhar do outro lado da realidade, eles sim precisam mais de mim.

Um comentário:

Anônimo disse...

O lado que mais precisa é o lado menos visto. Sabe, meus pais tiveram uma infância difícil. Não chegaram a tanto, sempre tiveram o que comer, mas naquelas... me ensinaram desde pequena a dar valor às coisas, e que elas não caem de graça no colo. A gente se levanta e corre atrás pra consegui-las. Não tenho condições de ajudar pessoas assim agora, mas é algo que permanece na minha lista. Acho que só assim, grão por grão, gente por gente, os lados podem se aproximar um pouco mais.